Pequeno espaço


Passados anos de altos e baixos para a produção dos países que se destacam na região - ainda o Brasil, a Argentina e o México, e agora com bons representantes vindos do Chile e Uruguai -, mais uma vez o cinema latino-americano se vê diante de uma batalha comum: atrair o público para as salas. "O cinema latino-americano não luta mais apenas contra as injustiças sociais. Essa produção também se levanta hoje contra a hegemonia de um cinema dominante que pretende estar absoluto nas telas, mentes e corações de todos os povos, que é o cinema da indústria americana", afirma o cineasta Toni Venturi, diretor, entre outros, de Cabra Cega (2005). A produção dos grandes estúdios de Hollywood ocupa atualmente no Brasil cerca de 80% dos filmes exibidos nas salas do chamado grande circuito. Esse número muda pouco nos países "hermanos". Resultado: sobram 20% para os filmes produzidos nas outras partes do mundo - não somente na América Latina, mas também na Europa, Ásia e Oriente Médio, por exemplo. "Dentro desse pequeno espaço a gente está competindo contra o cinema de qualidade do Pedro Almodóvar [diretor espanhol de Fale Com Ela, 2002, e Má Educação, 2004, entre outros], do Ken Loach [diretor inglês de Pão e Rosas, 2000, entre outros], dos argentinos Lucrecia Martel [O Pântano, 2001, e A Menina Santa, 2004] e Pablo Trapero [Família Rodante, 2004]", diz Toni Venturi. "Afinal só há esse espaço para o filme não americano. Logo, nosso maior concorrente, nosso maior 'inimigo', é esse cinema de qualidade." Toni cita como exemplo a trajetória de seu Cabra Cega. Num determinado momento, seu concorrente passou a ser o independente, mas medalhão, Robert Altman, famoso cineasta norte-americano. "E quem é Toni Venturi perto do Altman? Por isso a situação é tão difícil para nosso cinema. A produção latino-americana, em termos de mercado, é nossa concorrente também."
Retirado da Revista E; .A unidade de uma incrível diversidade; n° 111

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